A GRAÇA DO DISCERNIMENTO E AS VIRTUDES DO PROCESSO
Resumo
Este artigo tem por objetivo refletir a questão da graça do discernimento e as virtudes do processo desde sua perspectiva antropológica. O imperativo da reflexão se fundamenta na ideia de que o discernimento enquanto processo de maturação humana, pressupõe, a priori, o conhecimento de si mesmo, para conhecer a Deus e, concomitantemente, entender-se responsável pelo outro. Nesse sentido, faz-se uma análise do compreender-se diante de Deus. Compreender-se diante de Cristo, paradigma da condição humana, uma vez que “o mistério do homem só se esclarece no mistério do Verbo encarnado” (GS 22). Trata-se de um processo de cristificação, ou melhor, de um processo de busca da “forma crística de ser e de viver”, em que a graça do discernimento age sob a delicadeza do Espírito que tudo ensina e atualiza. Destaca-se que, quando se fala de um processo de discernimento, que diz respeito a uma vida de busca e abertura a Deus e ao próximo, de fato, trata-se de um caminho, caminho esse, da alteridade temporal, da consciência da experiência sentida, da refiguração de cada dia em Cristo, da plena abertura a Deus, da fé que abre seus olhos à realidade que lhe circunda. Quando nos tornamos totalmente nós mesmos, estamos internamente livres para ser o que de fato somos. Por fim, o estudo propõe uma reflexão de como a fidelidade ao Seguimento de Jesus capacita a vida do ser humano no “dom” do Espírito Santo, com meios adequados e divinos, de tal forma que esses podem agir conforme sua condição de filhos de Deus, cristiformemente, pneumaticamente e filialmente.