O transfigural como saber dos corpos
Resumo
O presente trabalho tem como proposta traçar um percurso em que foi delineado alguns aspectos do que chamamos aqui de transfigural. Minimamente antecipando, trata-se de héteros-saberes fundados sobre uma alteridade essencial a ser afirmada no pensamento, de modo a efetuar, nas figuras que balizam esse mesmo pensamento, à produção de uma dinâmica que os diferenciem. O que se pretende aqui é sinalizar e identificar espaços e frestas do eu, por onde se apresentam possibilidades de diferenciações do mesmo (de inúmeros eu’s e seus saberes), não somente a nível de pensamento, como também de um conhecimento capaz de se afirmar como produção corporal, como experimentações para o que pode um corpo, e como possibilidade à prática de um pensamento-corpo. Primeiramente, passamos por uma crítica feita pelo povo Guarani à ideia do Um, para em seguida entramos neste território em que a noção de um eu autocentrado e autofundado já não serve mais, cedendo existência a processos de hibridação a partir do canibalismo ontológico proposto por Viveiros de Castro e do processo de criação do pintor Francis Bacon. Por fim, chegamos ao ensaio de uma poética da incongruência ou da fratura como espaços (im)próprios do transfigural. Para melhor compreensão das discussões em jogo, servimo-nos de algumas imagens que têm como finalidade ora materializar a compreensão das discussões ora mostrar formas de ser e estar diferentes da eurocêntrica.