A presença insurgente da Filosofia: resistência crítica ao imperativo tecnicista da BNCC
Palavras-chave:
Ensino de filosofia, BNCC, Reforma do ensino médio, Pensamento crítico, Formação tecnicistaResumo
Este artigo analisa o deslocamento da disciplina de Filosofia no Ensino Médio brasileiro a partir da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da Reforma do Ensino Médio. Argumenta-se que o novo modelo, fundamentado em uma lógica de “competências e habilidades” voltadas para o mercado de trabalho, esvazia o potencial crítico e humanizador da Filosofia. Ao transformar seu ensino em uma “possibilidade” instrumentalizadora, o próprio ato de “pensar filosoficamente” – de forma autônoma, questionadora e existencial – emerge como uma ameaça sistêmica ao projeto educacional tecnicista em curso. A análise documental de marcos legais, como a LDB e a BNCC, em diálogo com referenciais teóricos, como Michel Foucault e István Mészáros, sustenta a tese de que a Filosofia se torna um espaço de resistência a um modelo que visa formar “mão de obra” em detrimento da formação humana integral. O estudo conclui que a aparente modernização curricular representa, na prática, um retrocesso ao subordinar o conhecimento crítico a imperativos educacionais econômicos, tornando a prática filosófica genuína em um ato de insubordinação pedagógica.