Pensando na atualidade da educação brasileira com Freire
Resumo
Adorno afirma que uma sociedade democrática só pode ser imaginada como aquela composta de indivíduos emancipados. No entanto, os meios disponíveis para atingir esse fim na realidade brasileira caminham em descompasso com a premissa apresentada por ele, especialmente em uma conjuntura em que se retiram direitos fundamentais da classe trabalhadora e a educação é relegada à miséria, situação essa que se reflete por meio das políticas de governo atuais. Nesse passo, é demasiadamente complexo falar em uma educação libertadora, pois esta, nesse momento particular, caminha na contramão das propostas de políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas e aprovadas no Brasil, sobretudo desde o ano de 2016. Pensar criticamente concede ao indivíduo a possibilidade de olhar para o todo de algo e, ao mesmo tempo, condiciona-o a identificar cada parte que conforma esse todo. É a partir daí que o sujeito assume um lugar: um ponto de vista, segundo Paulo Freire. É nesse processo que a democracia encontra seu fundamento, na diversidade de pontos de vista e na possibilidade de assumir este ou aquele “lugar” depois de criticamente examinar os pensamentos anteriores. Como dito inicialmente, a emancipação é conditio sine qua non para que esse processo aconteça. Ocorre que é por meio da educação que se coletam os elementos para que a constituição emancipatória seja possível. Nessa trilha, encontra-se, na dialogicidade trazida por Paulo Freire, um dos caminhos possíveis para que a democracia opere conforme seu conceito (meio) e a educação atue na direção e com vistas à emancipação (fim). Este trabalho ocupa-se em pensar na educação libertadora e emancipatória sob a luz do pensamento de Paulo Freire no contexto educacional hodierno.