O CENÁRIO DUAL DAS RELAÇÕES DE TRABALHO E A REPRESSÃO À INFORMALIDADE NO PERÍODO DITATORIAL.

  • Rosângela Maria Pereira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ.
  • Maria Cristina Alves Delgado de Avila Centro Universitário de Barra Mansa - UBM

Resumo

Este trabalho de pesquisa propõe-se, a partir do levantamento bibliográfico e documental, compreender o trabalho informal e seu quadro evolutivo no Brasil entre 1960-1980. O foco dirige-se à discussão de um cenário dual do ponto de vista das relações de trabalho: por um lado há uma supervalorização das categorias socioprofissionais e do registro em carteira de trabalho como referência implícita de todas as discussões, e por outro lado, uma massa de trabalhadores é levada aos centros urbanos, onde se mantiveram essencialmente no trabalho informal sem garantias trabalhistas. A análise das profissões permaneceu, durante décadas, assentada na apreciação das categorias socioprofissionais (CSP). É o que se denomina identidade genérica. Neste período, a carteira de trabalho significava o registro de uma função reconhecida socialmente, o que faz dela uma identidade social. No mesmo período entrou em pleno vigor a Lei de Contravenções Penais, que previa prisão a quem se entregasse habitualmente à ociosidade, incluindo o trabalho sem renda e o trabalho informal. A referida lei foi amplamente usada nesse período para que trabalhadores informais fossem presos num cenário dual do ponto de vista das relações trabalhistas. 

Biografia do Autor

Rosângela Maria Pereira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ.

Doutora em Sociologia. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ. 

Maria Cristina Alves Delgado de Avila, Centro Universitário de Barra Mansa - UBM
Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania. Professora do Centro Universitário de Barra Mansa. Pesquisadora do NUPED – Núcleo de Pesquisa do Curso de Direito.

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Publicado
30/07/2018
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